Saiu
do bar em câmera lenta, levando consigo uma garrafa de conhaque de alcatrão,
que foi a única que conseguiu convencer o balconista a vender. Não tinha
nenhuma pressa, pois era uma longa caminhada até sua casa. Fumava os cigarros
mais amassados que já se viu, um atrás do outro, acompanhando o fluxo de
bebida. A despeito do estado lastimável, mantinha um bom ritmo, deixando um
rastro de silêncio e fumaça. No último quarteirão secou a garrafa. A partir daí
estava por conta própria...
Sete
passos. Era mais ou menos o espaço que o separava da porta quando estancou. Apesar
de sua cabeça estar muito mais distante. Isso e a embriaguez o mantiveram
plantado ali um bom tempo, como se míseros sete passos fossem uma imensidão
repleta de obstáculos a ser atravessada. Tateava no bolso o molho familiar de
chaves, como se pudesse pescar a consciência e a realidade com elas em meio ao
mar confuso de sentimentos que se agitava em sua mente.
Tirando
forças de alguma reserva oculta, se empertigou e caminhou o menos trôpego que
pôde. E ao abrir finalmente a porta, a realidade solidificou-se tão dura como
ele temia. O apartamento vazio estava silencioso como um túmulo. Não tinha sido
um sonho ruim. Chorou até dormir, encostado num canto da sala, enquanto lá fora
o sol brilhava para quase todos.
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